O longa-metragem "O estranho em mim", da diretora alemã Emily Atef, o português "Aquele querido mês de agosto", de Miguel Gomes, e o documentário "Lóki - Arnaldo Baptista" foram os destaquens na cerimônia de premiação da 32ª Mostra de Cinema, realizada na noite desta quinta-feira (30), em São Paulo.
"O estranho em mim", que trata da depressão pós-parto, também teve sua atriz, Susanne Wolff, vencedora. "Esse é um assunto do qual muitas pessoas têm medo na Alemanha, e o primeiro país que o comprou foi o Brasil. Temos sido muito bem-recebidos por aqui. Para uma jovem cineasta como eu, receber esse prêmio é uma grande honra", afirmou a diretora, que recebeu o troféu das mãos do ator Benicio Del Toro, que está no país para divulgar seu filme "Che".
Ele subiu ao palco da Mostra acompanhado por Rodrigo Santoro e pela produtora Laura Bickford. O ator brasileiro, que também está no longa, se disse honrado por estar encerrando o evento e convidou os presentes para verem o filme, avisando que, devido à grande procura, uma sessão extra foi aberta na sexta (31), às 18h10, no CineSesc.
A cerimônia de premiação foi comandada pelo apresentador Serginho Groisman e pelos diretores da Mostra, Leon Cakoff e Renata Almeida. Os troféus não ficaram prontos a tempo, portanto os convidados só recebiam simbolicamente duas amostras que estavam no palco.
Muitos diretores estrangeiros estiveram presentes para receber seus prêmios, e uma das mais emocionadas foi a americana Elizabeth Chai Vasarhelyi, filha de brasileiro, que venceu o prêmio de melhor documentário estrangeiro de acordo com o público, por seu longa "I bring what I love". "Meu pai amava música brasileira e isso, de certa forma, me abriu os ouvidos. Para mim, ainda é uma forma de identificação com ele."
O diretor Paulo Henrique Fontenelle, de "Lóki - Arnaldo Baptista", dedicou o prêmio a São Paulo e afirmou que finalmente a cidade havia dado o reconhecimento que o criador dos Mutantes merecia. Despojado, o jovem Matheus de Souza fez a platéia rir com seu discurso de agradecimento pelo prêmio de melhor longa de ficção. Seu filme, "Apenas o fim", já havia recebido uma menção honrosa no Festival do Rio.
"Tenho 20 anos, decidi fazer um filme, chamei meus amigos da faculdade de cinema para ser a equipe, e meus amigos da faculdade de teatro para o elenco. Estou me sentindo como Jean-Claude Van Damme: baixinho, lutei muito, dei meia dúzia de gritos e agora estou aqui, num palco, com um prêmio nas mãos."
O Estranho em Mim, produção alemã da diretora Emily Atef, aborda um tabu: a rejeição que muitas mães sentem pelo filho recém-nascido. O júri também premiou a atriz da fita, Susanne Wolff.
"Além de força e coragem pelo tema, o filme nos transmitiu a grande afinidade e parceria entre diretora e atriz", justificou o cineasta inglês Hugh Hudson, um dos jurados. "É bom ressaltar que foi uma votação unânime", lembrou Jorge Bodansky, único brasileiro no júri. Seus colegas eram a diretora iraniana Samira Makhmalbaf, o francês Nicolas Klotz e o crítico e produtor alemão Meinolf Zurhorst.
A fita vencedora pode ser vista no próximo domingo, às 21h20, na Cinemateca.
Foi uma surpresa entre as apostas informais, que apontavam o concorrente Tulpan e Machan, filme realizado no Sri Lanka por um diretor italiano, como favoritos. Os prêmios do público não sintonizaram com as preferências de outras categorias, como a dos críticos, que votaram no português Aquele Querido Mês de Agosto, de Miguel Gomes, e nem com o Prêmio da Juventude para o brasileiro Verônica, de Maurício Farias.
O indiano Jodhaa Akbar, do diretor Ashutosh Gowariker, foi o preferido da platéia da Mostra como longa-metragem de ficção.
Este ano foi instituído um júri exclusivo para documentários, que fez uma divisão um tanto exagerada de prêmios. Os cineastas Laís Bodansky e Heitor Dhália, além do produtor Caio Gullane, elegeram o indiano Crianças da Pira, de Rajesh S. Jala, como o melhor na categoria. Mas ainda concederam um prêmio especial para o brasileiro KFZ-1348, de Gabriel Mascaro e Marcelo Pedroso, e uma menção honrosa para o russo Conhecendo Andrei Tarkovsky, de Dimitry Trakovsky.
O número de prêmios também cresceu no caso de curtas e médias-metragens. No primeiro registro, o canadense Death Valley Superstar, de Michael Yaroshevsky, venceu como melhor estrangeiro. A escolha nacional recaiu sobre o curta Monker Joy, de Amir Admoni.
Houve ainda uma menção honrosa para Vidas no Lixo, de Alexandre Stockler. O brasileiro Bode Rei, Cabra Rainha, de Helena Tassara, foi considerado o melhor média-metragem.
No fim, a atriz, cineasta e cantora portuguesa Maria de Medeiros se apresentou, com um repertório que misturou música brasileira, portuguesa e temas de cinema. A Mostra continua ainda até a próxima quinta-feira (6), com sua respecagem, Organização da Mostra de São Paulo anuncia repescagem.
Confira abaixo os vencedores em todas as categorias:
Prêmio da crítica
"Aquele querido mês de agosto", de Miguel Gomes
Prêmio da Juventude (apontado pelos estudantes secundaristas)
"Verônica", de Maurício Farias
Prêmios do Público
- Melhor longa estrangeiro de ficção:
"Jodhaa Akbar", de Ashutosh Gowariker
- Melhor documentário estrangeiro:
"Youssou Ndour: I bring what I love", de Elizabeth Chai Vasarhelyi
- Melhor documentário de longa-metragem brasileiro:
"Lóki - Arnaldo Baptista", de Paulo Henrique Fontenelle
- Melhor longa brasileiro de ficção:
"Apenas o fim", de Matheus de Souza
Prêmio Teleimage de Finalização
- Longa-Metragem:
"Apenas o fim", de Matheus de Souza
- Curta-Metragem:
"Monkey joy", de Amir Admoni
- Média-metragem brasileiro:
"Bode rei, cabra rainha", de Helena Tassara
Prêmios do júri oficial de médias e curtas metragens
- Menção honrosa:
"Vidas no lixo", de Alexandre Stockler
- Melhor curta-metragem internacional:
"Death Valley superstar", de Michael Yaroshevsky
- Melhor curta-metragem brasileiro:
"Monkey joy", de Amir Admoni;
- Melhor média-metragem brasileiro:
"Bode rei, cabra rainha", de Helena Tassara
Prêmios do júri oficial de documentários
- Menção especial:
"Conhecendo Andrei Tarkovsky", de Dimitry Trakovsky
- Prêmio especial do júri:
"KFZ-1348", de Gabriel Mascaro e Marcelo Pedroso
- Melhor documentário:
"Crianças da pira (children of the pyre)", de Rajesh S. Jala;
Prêmios do júri internacional
- Melhor atriz:
Susanne Wolff, de "O estranho em mim"
- Melhor filme:
"O estranho em mim" - foto, de Emily Atef
Acesse o site oficial 32ª Mostra Internacional de Cinema
fonte: terra cinema, uol cinema
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