O filme paraguaio “Karai Norte”, de Marcelo Martinessi, foi o grande vencedor da36ª. Jornada de Cinema da Bahia. Ganhou um Tatu de Ouro e um quadro do artista plástico Juarez Paraíso, intérprete do bedel "Pedro Arcanjo", em "Tenda dos Milagres", de Nelson Pereira dos Santos.
O curta paraguaio ganhou mais cinco troféus Tatu (melhor ficção, melhor atriz, para Lídia de Cueva, melhor direção, roteiro e som). E, ao disputar com o melhor documentário, o brasileiro “Minami em Close-Up – A Boca em Revista”, de Thiago Mendonça, e com a melhor animação, o espanhol “Like Crude Oil”, o Prêmio Glauber Rocha, sagrou-se o grande vencedor.
“Karai Norte” é falado em guarani e conta história de uma velha índia, que vive em lugar perdido. Um dia, ela recebe a visita de um desconhecido. Ele pede comida. Ela oferece o pouco alimento de que dispunha. E conta ao forasteiro que haviam roubado dela um machado, um lampião e suas poucas roupas. O desfecho é surpreendente.
O filme de Marcelo Martinessi foi patrocinado pela Petrobrás, que promoveu dois editais na América Hispânica: um na Bolívia, outro no Paraguai. “Karai Norte” integrou a seleção oficial de curtas do Festival de Berlim e venceu a Jornada, por unanimidade. No júri contou com três integrantes internacionais -- o alemão Berthold Zilly, da Universidade Livre de Berlim, Aniello Avella, da Universidade de Roma, o cineasta português Rui Goulart -- e dois professores universitários brasileiros Malu Fontes (da Bahia) e Pedro Vicente (do Acre).
O melhor vídeo da Jornada foi escolhido pelo cineasta moçambicano, Camilo Souza, pelo italiano Pierfrancesco Cantarella, pelo cubano Carlos Medina, e pelos brasileiros Carolina Paiva (diretora de “Genival Lacerda, o Rei da Munganga”) e Lazaro Faria ("Mães da Bahia"). O filme que fez jus ao Prêmio Walter da Silveira, o principal na categoria, foi “ Vozes”, do brasileiro Luis Nachibin. Documentário com 51 minutos de duração, “Vozes” registra programa de rádio que permite a pessoas seqüestradas que ouçam, do cativeiro, a voz de seus familiares. O melhor documentário em vídeo foi “Bolívia em Pé”, de do espanhol Unai Aranzadi. O filme ganhou, além do Trofeu Tatu de Ouro, um quadro do artista plástico baiano, Edvaldo Gatto.
EUCLIDES DA CUNHA - A Jornada da Bahia dedicou sua trigésima-sexta edição ao Centenário de Euclides da Cunha. O autor de "Os Sertões" foi lembrado em seminário que contou com palestras substantivas do alemão Berthold Zilly, tradutor de "Os Sertões" para a língua de Goethe; do geólogo e reitor da Universidade de Feira de Santa, José Carlos Barreto de Santana, e dos pesquisadores Luitigarde Cavalcanti, Regina Abreu e Manoel Neto. A Guerra de Canudos e a vida de Euclides, assassinado tragicamente em 15 de agosto de 1909, foram lembrados com mostra de filmes (que reuniu a maior parte das 30 produções realizadas sobre o assunto e levantados pelo pesquisador Antônio Olavo no site www.portifolium.com.br) e quatro exposições de artes plásticas e fotografias: A Guerra nos Sertões de Canudos, de Tripoli Gaudenzi (Galeria do ICBA); A Bahia que Euclides Viu (antes de embarcar para a região de Canudos), no MAB (Museu de Arte da Bahia), O Sertão de Canudos, com fotos de Antenor Júnior (no Centro Euclides da Cunha), e Diálogo com os Sertões, na Caixa Cultural . Os artistas Fábio Paes e Gereba fizeram os shows musicais de abertura e encerramento da Jornada, cantando o repertório dos discos que dedicaram aos sertões de Canudos.
LISTA DOS PREMIADOS:
Prêmio Glauber Rocha
Melhor Filme: Karai Norte, de Marcelo Martinessi (Paraguai)
Prêmio Walter da Silveira:
Melhor vídeo: “ Vozes”, de Luis Nachibin (Brasil)
Tatus de Ouro
Melhor documentário: Minami em Close Up – A Boca em Revista, de Thiago Mendonça.
Tatu de Ouro para o Melhor Filme de Ficção: Karai Norte, de Marcelo Martinessi
Tatu de Ouro para o Melhor Filme de Animação/Experimental: Like Crude Oil, de Daniel Pardo.
Tatu de Ouro para Melhor Filme ibero-americano sobre a América Latina: On the Line, de Jon Garaño.
Tatus de Prata
Melhor Direção: Marcelo Martinessi, por Karai Norte
Melhor Roteiro: Marcelo Martinessi, por Karai Norte
Melhor Fotografia: Marcio Camara, por Torpedo
Melhor Montagem: . Lucas Scavino, por Un Vaso de Soda
Melhor Som: Martin Grignaschi, por Karai Norte
Melhor Música: Zeca Loureiro, por Minami em Close-up
Melhor Ator: Fele Martinez, por Di me que yo
Melhor Atriz: Lidia De Cuevas, por Karai Norte
Prêmio CTAV de mixagem para o melhor filme de curta metragem de ficção:
Nuvens, de Daniel Grinspum
Premio Diomedes Gramacho, melhor produção baiana da Jornada para
Leonel Mattos a 24 Quadros por Segundo, de Tuna Espinheira
O Júri, por unanimidade, decidiu conceder menções honrosas para:
Teresa, filme de Paula Szutan e Renata Terra
Terapia, de Nuria Verde
Nadiézia Apolinário, atriz infantil, pelo desempenho no filme Pode me chamar de Nadí, de Déo Cardoso
VIDEOS
Os componentes do Júri de Vídeo: Carolina Paiva, Pierfrancesco Cantarella, Carlos Medina, Lazaro Faria e Camilo de Sousa, decidiram por unanimidade:
Foram concedidas as seguintes Menções Honrosas:
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· A Terra a gastar, de Cássia Mary Itmoto/ Celina Kurihara; por sua mensagem ecológica.
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· Pablo Se Foy / Pablo is gone, de Paula Perez - Colombia: pela formação de um novo olhar das crianças.
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· Enfim Dois, de Thiago Vieira - Brasil: pela qualidade da linguagem cinematográfica.
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· La Moneda, de Pedro Dantas – Chile/ Brasil; por conter informações necessárias à soberania latina americana e de importância ao meio ambiente.
Não foi premiado o melhor vídeo de longa metragem, e o melhor vídeo não-ibero americano, por não haver nenhuma obra nessa categoria. Portanto, criou-se o Prêmio Especial do Júri; premiando o vídeo Madre de Plaza de Mayo, Memória, Verdade, Justiça; de Carlos Pronzato – Brasil/ Argentina; por manter viva a memória de uma ferida ainda aberta na América Latina.
Prêmio BNB para o melhor filme da Jornada, com temática nordestina: Bode Rei, Cabra Rainha, de Helena Tassara - Brasil.
Prêmio BNB para o melhor curta metragem nordestino: Reconvexo, Wolney Menezes e Jhony Guimarães - Brasil .
Melhor Vídeo Animação: Como Comer um Elefante, Jansen Raveira - Brasil.
Melhor Vídeo Ficção: Igual, de Hugo Martinelli - Brasil.
Melhor Vídeo Documentário: Bolívia en Pie, Unai Aranzadi - Espanha.
Melhor Vídeo da Jornada – Prêmio Walter da Silveira: Vozes, de Luis Nachibin - Brasil; por estar na temática do festival, por sua eficaz linguagem cinematográfica e pela maneira que a obra mostra o respeito pela vida humana.
PREMIO OCIC/SIGNIS:
O júri OCIC/Signs constituído por Angeluccia Bernardes Habert, Heliana Barros e Pe. Reginaldo Pessanha decidiu conceder o Troféu Jangada
ao filme Teresa, de Paula Szutan e Renata Terra
fonte: revista de cinema online