quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Saiba mais sobre a 13ª Mostra Internacional do Filme Etnográfico



A Mostra Internacional do Filme Etnográfico chega à sua 13ª edição e acontece de 11 a 19 de novembro, no Rio de Janeiro, com entrada franca em todas as atividades. As exibições serão no Espaço Museu da República, na Caixa Cultural e no Arte SESC. Haverá também quatro cabines na Galeria Mestre Vitalino do Museu de Folclore Edison Carneiro, consagradas há muito pelo público, pois permitem que a pessoa reserve dia e hora que desejar assistir ao filme. Também está programado o "Fórum de Cinema e antropologia", que inclui debates, seminários e mesas-redondas com realizadores brasileiros e estrangeiros, além de sessão ao ar livre e oficinas.

Esse ano foram mais de 400 trabalhos inscritos, dos quais 120 foram selecionados. Na noite de abertura, que acontece no dia 11, às 19h30, no Odeon Petrobras, será exibido o longa "Transocean", de Adriana Komives, brasileira radicada na França. "Ela trabalhou no Atelier Varan, uma experiência de oficinas de audiovisual criada pelo Jean Rouch que é muito interessante. É um filme em primeira pessoa, que conta histórias de família que montam um interessante panorama sobre identidade. Muito bem realizado, com qualidade em termos de estilo e linguagem, é um trabalho que aponta certa tendência na produção atual", comenta Patrícia Monte-Mór, antropóloga e curadora da Mostra. No encerramento, dia 19 no Arte Sesc, no Flamengo, serão entregues prêmios oferecidos por diversas instituições, como ABDeC e Ocic e o Prêmio Manuel Diégues Júnior, oferecido pelo Museu de Folclore. A Mostra, que tem coordenação geral do cineasta, fotógrafo e psicanalista José Inácio Parente, tem sido um instrumento importante na exibição de títulos e temas diversos, mas sempre com um foco comum: o modo de olhar.

A programação de 2008 é baseada em nacionais e estrangeiras recentes, mas também abre espaço para retrospectivas e programas especiais. Muitos realizadores estarão presentes ao evento, como é o caso de Eddy Appels, diretor do Beeld voor beeld - Festival de Documentários Etnográficos da Holanda - que participará de debates e trará uma seleção de filmes, e de Gavin Andrews, que está com dois filmes no evento, "Alô alô Amazônia" e "O barco do mestre".

Os curtas, médias e longas selecionados apresentam os mais diversos temas, de quilombos à Amazônia, de travestis a artesãos, de via expressa à Caatinga, refletindo uma riqueza cultural e a busca cada vez mais cuidadosa por diferentes olhares.

Dos filmes nacionais, há os que enfocam personagens, como "Patativa do Assaré - Ave poesia", de Rosemberg Cariry; "Farto de solidão", de Mariana Reade, sobre Luiz Carlos Corvo, um dos primeiros políticos cassados pelo regime militar; "Estafeta - Luiz Paulino dos Santos", de André Sampaio, sobre o roteirista e diretor de cinema. Ainda sobre personagens ligados ao cinema, há "Cine Zé Sozinho", de Adriano Lima, e "Cinema Engenho", de Dácia Ibiapina. "Ambos focalizam homens apaixonados, que criaram estratégias diversas para projetar filmes e trabalhar em prol do cinema, mesmo em condições tão adversas no Nordeste do Brasil", comenta Patrícia. Outros abordam a religiosidade, como "Devoção", de Sérgio Sanz, que registra festas de Santo Antonio e Ogum no Catolicismo e no Candomblé; "Pra ver a Umbanda passar", de Luciano Coelho, sobre terreiros de Curitiba; e "Santa fé", de Alessandro Cruz, que mostra a tradição luso-brasileira dos romeiros.

As 29 produções estrangeiras vêm de 20 diferentes países. Entre elas, "Divorce albanian style", que fala sobre a separação de famílias albanesas pelo regime totalitário de Enver Hodja; "Je ne suis pas moi-meme", que analisa a ânsia, até hoje, do mercado de arte europeu por objetos tribais africanos; e "Ruleta de la vida", sobre adolescentes da periferia de Bogotá.

Curiosamente, há filmes feitos por brasileiros no exterior - "Corpo de Bollywood" (Índia), "Grandma has a video camera" (EUA), "Mulaqat" (India) e "Encanto" (Espanha) - e por estrangeiros rodados aqui, como "Novela na Santa Casa", da francesa Cathie Levy e "Transfiction", do inglês Johannes Sjöberg. Para incentivar o diálogo com o mundo acadêmico, o evento apresentará a produção dos alunos do curso de extensão "Atelier Livre de Cinema e Antropologia", coordenado por Patrícia Monte-Mór (Uerj) e Marc Piault (Ehess-FR) que vem investindo no diálogo "cinema e antropologia" desde 1999. Experiências de ensino audiovisual da Argentina, coordenados pela antropóloga e documentarista Ana Maria Zanotti, também terão espaço na Mostra.

No Fórum de Cinema e Antropologia haverá um workshop com Cezar Migliorin, sobre "Edição no documentário", nos dias 13 e 14 pela manhã. Será gratuito, mediante inscrições prévias no site. www.mostraetnografica.com.br

A edição passada da Mostra marcou o lançamento de um importante edital para a realização de documentários etnográficos: o Etnodoc - Edital de Apoio à Produção de Documentários Etnográficos. Agora, serão exibidos os 15 filmes concluídos através desse primeiro edital para filmes que tratassem do patrimônio imaterial brasileiro.

Os 15 filmes selecionados pelo edital são inéditos e terão sessões dentro da programação da Mostra (lista em anexo e mais informações no www.etnodoc.org.br). Todos os realizadores estarão presentes nas premières. Haverá um evento oficial para marcar o lançamento no dia 17, a partir das 18h, nos jardins do Palácio do Catete.

fonte: almanaque virtual

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