terça-feira, 3 de março de 2009

Veja a programção do É Tudo Verdade

Durante treze anos, o É Tudo Verdade se consolidou como o principal festival de documentários do país. Na edição de 2009, a 14ª, haverá mudanças. A mais drástica é dividir o festival em duas datas, em vez de condensar uma programação com mais de 100 filmes em 15 dias.

A primeira parte começa em 25 de março e vai até 5 de abril, simultaneamente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Irão compor a programação os 37 longas, médias e curtas da Mostra Competitiva Nacional e Internacional. O diretor do evento, Amir Labaki, dá duas justificativas: "Primeiro, porque uma reclamação histórica do público é que não reprisávamos os filmes. A segunda é que pretendemos estender a agenda do documentário no Brasil".

Mas as razões não são apenas essas, conforme afirma o próprio Labaki. "O festival teve uma queda de 15% no orçamento ideal". Alguns patrocinadores tradicionais não mantiveram o apoio nesta edição. Reflexos da crise? "O impacto da crise é real, mas não dá para saber ao certo. São apenas ecos. Mas ela interferiu e atrasou na definição de patrocínios".

A solução foi enxugar e dividir o festival. A segunda parte, que ainda não tem data definida, deve se espremer numa agenda que já conta com quatro festivais de peso junto aos cinéfilos e atenção da mídia: Festival de Gramado, Rio, Mostra Internacional de São Paulo e Brasília, realizados anualmente entre os meses de agosto e novembro.

Mesmo com o encolhimento do É Tudo Verdade, a qualidade deve se manter - afinal, aumentou a concorrência nas inscrições. A programação de longas nacionais traz nomes carimbados, como José Padilha, que apresenta ao festival Garapa, exibido mês passado em Berlim. Será a primeira sessão no filme no Brasil, que estava programado para a Mostra do ano passado, mas cuja a exibição foi cancelada.

Outro nome tarimbado é Eduardo Coutinho, que mantém suas experiências na fronteira ficção/documentário com Moscou, que foca o processo da criação da peça Três Irmãs, de Tchecov, pelo Grupo Galpão. Um desconhecido do grande público promete sacudir as bases: Cidadão Boilesen, de Chaim Litewski, documentário sobre o dinamarquês Henning Albert Boilesen, empresário que financiou a ditadura e foi assassinado pela guerrilha urbana em 1971. Momento oportuno para a exibição, já que Uruguai alterou a Lei de Anistia contra militares e a Argentina determinou que eles sejam julgados na Justiça Comum.

Internacionais

O convidado internacional deste ano é Avi Mograbi, responsável por documentários experimentais que contestam sua posição de artista e reafirmam sua militância. Seu mais recente trabalho, Z32, que será exibido no festival, coloca em xeque jovens que integraram o exército de Israel e, paralelamente, as suas escolhas como cineasta.

Já a programação da Mostra Competitiva Internacional traz temas diversos e documentários premiados no exterior. Entre os agraciados está René, de Helena Trestikova, vencedora de Prêmio Arte ao Melhor Documentário no European Movie Awards. Ou o premiado em Sundance deste ano, Tias Duronas, de Kim Longinotto.

Outro longa de temática política que pode chamar a atenção é Retorno a Fortin Olmos, de Patrício Coll e Jorge Goldenberg, que retomam uma experiência coletiva na década de 1960 que foi interrompida pela ditadura argentina.

Entre os curtas nacionais, dois se destacam: Confessionário, do sempre experimentalista Leonardo Sette (Ocidente), e Samba de Quadra, de Gustavo Mello e Luiz Ferraz, que aborda as raízes do samba rural em São Paulo.

Confira todos os selecionados da 14ª edição do É Tudo Verdade - Festival Internacional de documentários:

Longas nacionais
A Chave da Casa, de Paschoal Samora e Stela Grisotti
Cidadão Boilesen, de Chaim Litewski
Cildo, de Gustavo Rosa de Moura
Corumbiara, de Vincent Carelli
Garapa, de José Padilha
Moscou, de Eduardo Coutinho
Sobreviventes, de Miriam Chnaidermann e Reynaldo Pinheiro

Longas internacionais
Am I Black Enough For You?, de Goran Olsson
Esquecido Papai, de Rick Minnich e Matt Sweetwwod
O Esquecimento, de Heddy Jonigmann
O Maior Restaurante Chinês do Mundo, de Weijun Chen
Perturbados, de Kazuhiro Soda
Problema é Comigo, de Juliette Veber
René, de Helena Trestikova
Retorno a Fortn Olmos, de Patrício Coll e Jorge Goldenberg
Segundas Sangrentas & Tortas de Morango, de Coco Schrijber
Tias Duronas, de Kim Longinotto
Tudo é Relativo, de Mikala Krogh
VJs de Mianmar - Notícias de um País Fechado, de Anders Hogsbro Ostergaard

Curtas nacionais
A Arquitetura do Corpo, de Marcos Pimental
A Casa dos Mortos, de Débora Diniz
Chapa, de Tatiana Toffoli
Confessionário, de Leonardo Sette
Leituras Cariocas, de Consuelo Lins
Nello’s, de André Ristum
No Tempo de Miltinho, de André Weller
Samba de Quadra, de Gustavo Mello e Luiz Ferraz
Ser Tão, de Luis Guilherme Guerreiro

Curtas internacionais
Areias Vermelhas, de David Procter
Arrancando a Alma, de Bárbara klutinis
Bem Longe de Casa, de Marika Vaisanen
Chirola, de Diego Mondaca
Coração Negro, de Ada Bligaard Soby
Escarvos - Um Documentário de Animação, de Hanna Heilborn e David Aronwitsch
Segunda Vida, de Anna Thommen
O Segredo, de Edgar Feldman
Zietek, de Bartosz Blaschke

As competições completas podem ser encontradas no site oficial do festival (www.etudoverdade.com.br).


fonte: cineclik, filme B

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