Uma decisão corajosa e justa. Não seria exagero definir assim a escolha de Cidadão Boilesen como o Melhor Filme do É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentários. "Estou surpreso e muito feliz", confessou o diretor Chaim Litewski na cerimônia de premiação na noite deste sábado (4/4).
O documentário, cuja confecção levou longos 15 anos, é um mergulho em uma faceta pouco retratada da ditadura militar no Brasil (1964-84): o apoio dos empresários ao golpe e à repressão. Litewski constrói um retrato de Henning Albert Boilesen, dinamarquês que se mudou para o Brasil em 1942. Foi assassinado em 15 de abril de 1971 pela guerrilha urbana por ser um dos principais financiadores da ditadura. Um de seus "hobbies" era assistir a sessões de tortura. "Ele é um ser quase ficcional, parece que viveu uma dicotomia tipo Jekyll e Hyde, noite e dia", afirmou o diretor ao Cineclick.
Outros temas políticos também permearam o restante da premiação do É Tudo Verdade, principal vitrine do documentário no Brasil. Se o Cidadão Boilesen penetrou a ditadura, o atualíssimo Corumbiara, que recebeu Menção Honrosa, trata nada menos do que o direito do índio em terem reservas demarcadas pelo Estado. Discussão que borbulha com a definição, ou não, da Reserva Serra Raposa do Sol. "Queria pendurar esse prêmio e mostrar para o ministro do STF que disse que reserva é balela", protestou o diretor Vincent Carelli ao subir ao palco do Cinesesc.
Entre os internacionais, outra escolha política. O audacioso retrato das manifestações em Mianmar, país do sudeste asiático, cuja ditadura esmagou os protestos pacíficos liderados pelos monjes budistas, foi reconhecido pelo júri. VJs de Mianmar - Notícias de Um País Fechado, do dinamarquês Anders Østergaard, venceu o prêmio de Melhor Filme na competição internacional. "O prêmio é a melhor abertura possível para alcançar o público sul-americano", saldou o diretor em mensagem enviada ao festival.
Confira a lista completa dos vencedores da 14ª edição do É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentários
Nacionais
Melhor Filme
Cidadão Boilesen, de Chaim Litewski
Menção Honrosa (longa-metragem)
Corumbiara, de Vincent Carelli
Melhor Curta-metragem
No Tempo de Miltinho, de André Weller
Menção Honrosa (curta-metragem)
Leituras Cariocas, de Consuelo Lins
Internacionais
Melhor Filme
VJs de Mianmar - Notícias de um País Fechado, Anders Østergaard
Menção Honrosa (longa-metragem)
Segundas Sangrentas e Tortas de Morango, de Coco Schrijber
René, de Helena Trestikova
Melhor Curta-metragem
Arrancando a Alma, de Bárbara Klutinis
Menção Honrosa (curta-metragem)
Escravos, de Hanna Heilborn e David Aronowitsch
La Chirola, de Diego Mondaca
fonte: cineclik
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