Um daqueles inexplicáveis fenômenos de consumo cultural fez o nome de Marguerite Duras (1914-1996), até então restrito a um círculo de iniciados, entrar, em meados dos anos 80, para a lista de best-sellers com “O Amante”. Na obra, a autora fazia, por meio da evocação de seu passado indochinês (constante maior de sua obra de escritora), uma atualização da tragédia histórica de um povo, de um lado, e da condição feminina, de outro. A literatura da escritora francesa, que carregava desde sua emergência nos anos 50 a reputação de “difícil”, foi então consumida a jato, sem tempo suficiente para provocar nem digestão, nem reflexão. Como o restante da obra de Duras, dolorosa e exigente, os filmes que ela realizou também permaneceram na sombra, a despeito do fenômeno editorial de “O Amante”.
Numa rara oportunidade, parte relevante de sua obra cinematográfica está sendo exibida até a próxima quinta no Cinesesc. O ciclo “Marguerite Duras: Escrever Imagens” apresenta em duas sessões diárias, às 19h20 e às 21h30, nove títulos dirigidos pela escritora, além de sua mais conhecida participação no cinema, o roteiro do sempre impactante “Hiroshima, Meu Amor”, de Alain Resnais.
Confira a programação do ciclo “Marguerite Duras: Escrever Imagens”:
Sábado, 18/7
19h20 - “Destruir, Disse Ela” - (1969) O filme é uma resposta de Marguerite Duras às experiências vividas em Maio de 1968, personificada por um grupo de pessoas suscetíveis à ruína dos valores morais, a incorporação da loucura pela razão, a ética do desejo.
21h30 - “Hiroshima, Meu Amor” - (1959) Atriz francesa vai a Hiroshima gravar um filme sobre a paz e vive o amor de uma noite com um arquiteto japonês. Este encontro lhe evoca memórias adormecidas de seu primeiro grande amor, que fora interrompido violentamente.
21h30 - “Hiroshima, Meu Amor” - (1959) Atriz francesa vai a Hiroshima gravar um filme sobre a paz e vive o amor de uma noite com um arquiteto japonês. Este encontro lhe evoca memórias adormecidas de seu primeiro grande amor, que fora interrompido violentamente.
Domingo, 19/7
19h20 - “Agatha ou as Leituras Ilimitadas” - (1981) Um homem e uma mulher, irmão e irmã, rememoram os momentos de seu amor incestuoso, antes de se separarem definitivamente. O incesto é também uma forma de amor que Marguerite afirma ter vivido. Ela reflete que “o incesto é a coincidência entre o amor e o laço de parentesco. Todo amor, na realidade, busca recuperar esse laço fundamental.”
21h30 - “O Homem Atlântico” - (1981) Diante de nossos olhos, a tela negra. Duras fala a alguém, indicando-lhe como num roteiro os gestos que deve cumprir. Uma das obras mais radicais de Marguerite em sua desconstrução do cinema.
As mãos negativas - (1979) Paris filmada quase sem luz, no alvorecer, em que o azul escuro banha as ruas e calçadas e é perfurado apenas pelo vermelho dos semáforos.
21h30 - “O Homem Atlântico” - (1981) Diante de nossos olhos, a tela negra. Duras fala a alguém, indicando-lhe como num roteiro os gestos que deve cumprir. Uma das obras mais radicais de Marguerite em sua desconstrução do cinema.
As mãos negativas - (1979) Paris filmada quase sem luz, no alvorecer, em que o azul escuro banha as ruas e calçadas e é perfurado apenas pelo vermelho dos semáforos.
Segunda, 20/7
19h20 - “As Crianças” - (1984) Ernesto é um menino, filho de imigrantes, que mora num subúrbio pobre de Paris. Seu desenvolvimento incomum (aos 12 anos tem o aspecto de um homem de 40) a princípio não chama a atenção, mas o fato de ler sem nunca ter aprendido, o levará a não querer frequentar a escola.
21h30 - “Destruir, Disse Ela”
21h30 - “Destruir, Disse Ela”
Terça, 21/7
19h20 - “Agatha ou as Leituras Ilimitadas”
21h30 - “Aurélia Steiner (Melbourne)” - (1979) “Aurélia Steiner (Vancouver)” - (1979) Aurélia Steiner é uma menina judia que nasce num campo de concentração, e que se tornará símbolo da marca deixada pelo Holocausto. Duras escreveu três textos intitulados Aurélia Steiner acompanhados por nomes de cidades: Melbourne, Vancouver e Paris
“Cesária” - (1978) Em Cesária, vemos as estátuas do jardim das Tuilleries, diante do palácio do Louvre, em Paris. A voz de Marguerite Duras entoa um recitativo em alusão à história do amor impossível do imperador romano e da rainha dos judeus.
21h30 - “Aurélia Steiner (Melbourne)” - (1979) “Aurélia Steiner (Vancouver)” - (1979) Aurélia Steiner é uma menina judia que nasce num campo de concentração, e que se tornará símbolo da marca deixada pelo Holocausto. Duras escreveu três textos intitulados Aurélia Steiner acompanhados por nomes de cidades: Melbourne, Vancouver e Paris
“Cesária” - (1978) Em Cesária, vemos as estátuas do jardim das Tuilleries, diante do palácio do Louvre, em Paris. A voz de Marguerite Duras entoa um recitativo em alusão à história do amor impossível do imperador romano e da rainha dos judeus.
Quarta, 22/7
19h20 - “O Homem Atlântico” e “As Mãos Negativas”
21h30 - “Hiroshima, Meu Amor”
21h30 - “Hiroshima, Meu Amor”
Quinta, 23/7
19h20 - “Índia Song” - 1975
O enredo é uma história de amor imobilizada na culminância da paixão, nos anos 30, numa cidade superpopulosa às margens do Ganges. Em torno dela, uma outra história, a do horror –fome e lepra mescladas na umidade pestilenta da monção– imobilizada também num paroxismo cotidiano.
21h30 - “As Crianças”
fonte: folha online ilustrada de cinema
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