sábado, 15 de novembro de 2008

Premiados em Mar del Plata 2008


O filme Saltos, do diretor brasileiro Gregorio Graziosi, recebeu neste sábado o prêmio de melhor curta-metragem latino-americano no 23º Festival Internacional de Cinema de Mar del Plata, na Argentina. No entanto, o grande ganhador foi o Japão, ao receber os dois principais prêmios do festival.

A Argentina, que tinha bons candidatos, ficou com as mãos vazias entre os premiados da seção internacional, a mais importante do festival. O júri da competição internacional, formado por nomes conhecidos do cinema internacional, apostou nos sólidos trabalhos de diretores e atores já consagrados, segundo os críticos que participaram do festival de Mar del Plata.

Poucos questionaram o Astor de Ouro, prêmio chamado assim em homenagem ao músico argentino Astor Piazzolla, concedido ao filme japonês Still Walking, de Hirokazu Kore-eda.

O filme vencedor narra com sobriedade impecável um dia na vida de uma família japonesa que se reúne para lembrar o 15º aniversário de morte do primogênito.

Também não surpreendeu que Kiyoshi Kurosawa, também japonês, tenha sido eleito melhor diretor por Tokyo Sonata, que conta a história de outra família cuja aparente normalidade é abalada quando o pai, após perder seu emprego de diretor de uma empresa internacional, decide ocultar a demissão.

Durante a maior parte do filme Kurosawa faz uma narração clássica e reflexiva que torna visível a maestria do diretor ao abrir a porta ao delírio e a tentativa de fuga de seus personagens.

Os prêmios para as melhores interpretações também foram para trabalhos indiscutíveis, já que tanto a atriz francesa Isabelle Huppert quanto o ator dinamarquês Ulrich Thomsen são peças-chave de seus filmes.

O rosto e o corpo de Huppert condensam a fragilidade e a solidez que o relato da cineasta suíça Ursula Meier requeria para Home.

Por sua parte, Fear Me Not, de Kristian Levring, se apóia integralmente em estados de ânimo em transformação imprimidos por Thomsen a seu personagem e que contribuíram para que o premiado roteiro de Levring tivesse a consistência que necessitava.

Surpreendeu a decisão do júri de não ter premiado nenhum dos cinco filmes argentinos e espanhóis exibidos na seção internacional.

Os críticos concordavam que tanto El cant dels ocells, do espanhol Albert Serra, quanto os argentinos Vil romance, de José Campusano, e El artista, de Mariano Cohn e Gastón Duprat, reuniram méritos suficientes para obter algum reconhecimento.

Nem sequer o Prêmio Especial do Júri, reservado muitas vezes a novos talentos, saiu para nenhum deles, mas foi dado a Involuntary, do sueco Ruben Östlund e um dos filmes mais experimentais do certame.

Com 80 mil pesos de prêmio, o melhor filme latino-americano foi o mexicano Los bastardos, de Amat Escalante, que narra em documentário a vida de imigrantes ilegais latino-americanos que trabalham nos EUA e logo se torna um relato policial de desenlace imprevisível.

A menção especial nesta seção foi para Regreso a Fortín Olmos, dos argentinos Jorge Goldenberg e Patricio Coll, que conta uma experiência de cooperativismo nos anos 1960 no nordeste da Argentina.

Entre os filmes que participaram de formato vídeo havia um prêmio muito cobiçado: a ampliação para 35mm, que abre maiores possibilidades de comercialização.

Neste sentido, os trabalhos premiados foram todos para argentinos: Parador Retiro, de Jorge Leandro Colás e que relata a situação de um albergue para moradores de rua, Diletante, uma pequena história de Kris Niklison, e Vikingo, de Campusano.

O festival de Mar del Plata terminou com um balanço muito positivo quanto à programação a alguns problemas de organização e infra-estrutura.

A presidente do Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais argentina (Incaa), Liliana Mazure, prometeu melhoras e confirmou a continuidade de festival, que teve sua "época de ouro" na década de 1950.

Acesse o site oficial http://www.mardelplatafilmfest.com

fonte: EFE

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